Em 26/4/2011, fiz uma conferência no Instituto de Estudos Avançados da USP, intitulada Rankings, Vikings, Masters & Colleges: Dilemas da Universidade Brasileira no Contexto da Internacionalização, de onde destaco dois trechos:
O Efeito Sucupira desencadeou processos problemáticos, alguns até perversos, para a universidade brasileira. Um deles, gostaria de destacar em parênteses. Trata-se da “fuga para cima”, que consiste na ambigüidade quanto a definição de graus e títulos, na fase de consolidação de um modelo nacional de universidade. Tal ambigüidade fomentou processos, catalisados por estruturas clientelistas internas e externas, de “desvalorização programada” dos graus universitários no país. O modelo sucupirano, por imposição normativa e por omissão institucional de universidades sem tradição própria, termina por criar no Brasil uma estrutura sui-generis de títulos e graus: mini-doutores (ou Mestres), doutores, pós-doutores e super-doutores (livre-docentes). Em conseqüência disso, no quesito corpo docente, hoje nós temos universidades de mestres, universidades de doutores e universidades de livres-docentes.[...]
O equívoco da auto-suficiência aplicado às instituições pode ser estendido, e igualmente criticado, ao modelo ou sistema como um todo. Acredito, como muitos estudiosos do tema, que o Brasil precisa desenvolver e promover um modelo próprio de arquitetura curricular. Porém tal modelo, para ganhar a devida credibilidade e ser capaz de exercer um papel preponderante no cenário internacional de educação superior, precisa ter, pelo menos, a mesma eficiência e ser, no que couber, estruturalmente compatível com os regimes curriculares prevalentes no resto do mundo. O nosso modelo próprio nada ganhará por aderir à Teoria da Jabuticaba, isto é, caracterizar-se como exclusivamente brasileiro, mantendo-se como fóssil vivo de um passado longínquo e superado mesmo nos contextos que o geraram.
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